sexta-feira, 9 de agosto de 2013

[Resenha] - Admirável mundo novo - Aldous Huxley


Buenas galerinha,


Edição: 22
Editora: Globo de Bolso
ISBN: 9788525046611
Ano: 2013
Páginas: 397
Tradutor: Vidal de Oliveira

Sinopse: Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, "Admirável mundo novo" é um dos livros mais influentes do século 20.

Um dos clássicos da literatura americana, grande representante da literatura marcada pelas distopias.
Temos em Aldous Huxley um crítico observador do que poderia ser nosso futuro, a opressão, imposição, degradação do caráter moral e consciência do individual, nós temos o "Admirável mundo novo". Uma análise crítica, extremista e radical do que poderia ser um futuro humano, mas mesmo extremo, vemos a sua atualidade indiscutível com relação a nossa realidade.
Pois vamos a resenha da obra de Huxley.

O admirável mundo novo de Huxley é dirigido pelo sistema autoritário sob o Governo Fordiano. Toda a organização política, trabalhista e mesmo pessoal e íntima baseiam-se no sistema de Ford.
É um sistema fundamentado na padronização; desde o nascimento, o qual já é modificado, até a morte. Não existem pais, e o próprio conceito de pais é obsceno, evoca a reprodução de 'apenas' dois seres, é sentimental, é profunda e... detestaríamos isso, nossa realidade é guarnecida pela consciência da coletividade, da felicidade, do prazer e saciedade dos instintos. É essa a fundamental lei natural, os instintos existem para uma causa, ser saciados. Nunca estamos sós, nunca deve-se apaixonar-se, pois que somos de todos e podemos ter todos.

Ainda quando bebês são condicionados de diversas formas: ao medo da solidão, aversão a natureza - prazer em contemplar a natureza é perigoso, gera a reflexão, esta gera perguntas e por fim, temos um ser que crítica, mas não deveria - o desprendimento e a aceitação da obrigação/realidade sexual ainda na infância...
Na educação, não existia os livros de história, porque onde há história pode haver revolta e a busca de um ideal para lutar, e a sociedade quer que seus habitantes sejam felizes, então, sem brigas...
Grandes nomes como Shakespeare, Sócrates, Platão, a própria Bíblia, nada era de conhecimento dos cidadãos, o passado não existia, o presente era repetitivo (como as esteiras do sistema de Ford) e e o futuro era premeditado pelos administradores nos mínimos detalhes.

Um condicionamento que de todos os modos, lhe dará a felicidade em forma de ignorância. Jamais saberá o que é a tristeza, solidão, do mesmo modo que jamais terá experiência alguma de um sentimento profundo, de uma pensamento próprio ou capaz de sentir sua individualidade.
Com a ajuda do SOMA, substância capaz de entorpecer os sentidos e levar ao esquecimento (droga alucinógena sem os efeitos colaterais físicos ruins), quando não estão felizes, estão sob o efeito da droga, e vice-versa.
Mas como em toda a sociedade, um caráter crítico e inconformado surge, e nesse momento Bernard assemelha-se muito a Winston (1984- Orwell), e passa a perceber o mundo aprisionado em que vive, procurando formas de ser a diferença.

Quanto Bernard e Lenina vão a uma colônia de selvagens - humanos que são mantidos em sítios e ainda vivem nos antigos sistemas de organização -  encontram John, misteriosamente, John consegue se comunicar com os visitantes, graças a sua mãe, Linda, que lhe ensinou a língua.
Curiosos com a novidade de um selvagem que podia falar a língua da civilização, foram conhecer sua mãe. Linda contou ter vindo outrora visitar a colônia e em certo momento sofreu um acidente, se perdendo do homem que a acompanhava e ficando na colônia, presa a essa vida medíocre.

Obrigada a conviver com essa sociedade primitiva dos selvagens, tendo de envelhecer, sentir-se caída, flácida e enrrugada, sem o SOMA para lhe dar conforto, nunca, em todos os anos que já passou ali na aldeia, foi realmente aceita, as pessoas nunca entenderam o sentido da comunhão: 'todos são de todos'. Chamavam-na de prostituta, mas só estava satisfazendo aquilo que fora condicionada a fazer, saciar seus próprios desejos...

Empolgado com a brecha que o destino lhe reservava, Bernard voltou rapidamente a cidade, onde falou com o alto administrador, sobre o selvagem e sua excepcional característica de comunivar-se, afora a capacidade intelectual, o Selvagem era versado, e apesar de pouco acesso a livros, conseguiu estudar (certo que o próprio Bernard desconhecia as obras que o Selvagel citava). Tão logo soube, o administrador manda trazer o selvagem.

Na grande cidade, Bernard assume a responsabilidade de mostrar tudo ao Selvagem, seu consultor, marcar reuniões  para que as pessoas possam conhecê-lo, ensinar-lhe como a sociedade moderna trabalha, vive e se diverte. Imediatamente o Selvagem percebe a superficialidade dessa realidade, em pouco tempo torna-se agressivo, incompreendido, inconsolável pela realidade fora de seu mundo e pela aceitação das pessoas por essa 'vida medíocre' de mentiras.
A luta do selvagem parte do princípio de entender por que as pessoas aceitam tal realidade sem rebelar-se, sem dar a devida importância...
Mas como eles dariam importância? Sem saber ao que dar importância...

Numa discussão sobre esse livro, quando alguém falou o dele não tratar de "violência"em si, do que discordei prontamente:
O desconhecimento do que está errado é pior que o sofrimento do mal já conhecido, porque então resta apenas o vazio.
O que está errado? não sei. Será o tempo? Sono? Doença?
O desconhecimento é ainda pior, não lhe permite cogitar melhorias, não permite esperanças, ou almejar um mundo perfeito, simplesmente pelo motivo de não saber o que seria o imperfeito, e por consequência, como saber se está no caminho para o perfeito?


Enfim, pessoas, indico a leitura, é indispensável, tanto quanto ler  o livro de Orwell. Uma boa crítica sempre deve ser bem vinda. [Resenha] 1984 - George Orwell.


Bom fim de semana!

Um comentário:

  1. Esse é um os livros a minha lista de clássicos que eu quero muito ler. Para quem gosta de distopias é leitura obrigatória.

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