Bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite galerinha!
A Coluna "Livros em Cena" está de volta aqui no Mell Books. Recapitulando, vamos fazer uma breve comparação dos livros que ganharam vida, nas telonas, telinhas, palcos e tudo mais. E para voltarmos com tudo preciso muito compartilhar com vocês esse filme, que apesar de não ser a primeira adaptação, foi um dos fenômenos de 2012/2013, Os Miseráveis.
Os
Miseráveis - Victor Hugo
Abandonando um pouco a crítica de como a obra é importante, vou mostra a visão de um grande amante do livro e de musicais. A obra de Victor Hugo é absurdamente
emocionante e arrebatadora. Descreve a injustiça social como
ninguém. Para quem não teve a oportunidade de ler, Os Miseráveis,
conta a história de Jean Valjean que após roubar um pão para dar
de comer ao filho de sua irmã é condenado a 5 anos de prisão numa
Galé e mais 14 anos por tentar fugir algumas vezes. Após cumprir
sua pena Valjean sai disposto a se vingar da sociedade, mas agora seu
passaporte é amarelo, ou seja, está carimbado como um ex-forçado e
por isso não pode usufruir de sua liberdade.
Após
algumas portas batidas em sua cara e pedidos de ajuda negados, o
protagonista conhece o Bispo de Digne (Bispo da Dignidade?) que foi o único a lhe estender
a mão e o receber como uma pessoa normal oferecendo comida e abrigo,
porém, ainda movido pelo ódio de ter vivido na Galé, Valjean rouba
um faqueiro de prata, que era a única vaidade do bispo juntamente
com dois castiçais de prata. Ao ser pego pela polícia, é levado
novamente a casa do bispo para devolver o faqueiro e o bispo em toda
sua bondade e compaixão informa aos policiais que foi um presente
seu ao ex-forçado "comprando" assim a alma de Jean Valjean
para Deus e fazendo um único pedido, que o dinheiro adquirido com a
venda da prataria seja também para ajudar os pobres.
A
partir desse dia Jean Valjean torna-se uma pessoa melhor e faz de
tudo para ajudar os pobres, mas seu passado ainda é “sujo” e a
caça ao ex-forçado não tem fim, mesmo durante anos sendo uma
pessoa boa e admirado por todos, o responsável pela caçada é um
inspetor de Policia chamado Javert que não descansa enquanto não o encontrar. Os anos passam e o protagonista, agora rico e prefeito
de uma cidade em Paris, adota o nome de Madeleine e conhece Fantine.
Fantine
é uma mãe solteira que faz de tudo para cuidar de sua filha, até
chegar na sarjeta. Após a sua morte Jean Valjean passa a cuidar de
Cosette, filha de Fantine, e suas preocupações passam a ser cuidar
da menina e se esconder de Javert, fazendo isso ainda durante muitos
anos até sua nova filha se tornar uma bela jovem.
Quem
ainda não teve a oportunidade de ler o livro, faço um grande apelo
que leiam, existem algumas versões simples que facilitam muito a
história e a leitura é bem rápida. A descoberta de Jean Valjean
sobre amor, perdão, compaixão e liberdade é envolvente do início
ao fim e é impossível não se emocionar. Amor "impossível", não correspondido, paterno, materno e fraterno, compaixão, medos, dúvidas, malandragem, ódio, arrogância e mais... O livro nos mostra uma mistura de emoções e nos permite sentir cada uma delas e também nos apaixonar por cada personagem de uma forma diferente. Seja pelo arrependimento do protagonista, ou todo amor materno de Fantine, que me emociono só de pensar e lembrar, as injustiças sofridas por Cosette, a alegria do Gavroche, a amizade de Éponine ou mesmo a falta de fé de Javert, é impossível não se identificar um pouquinho com cada personagem.
Como
esperei por esse filme, uma ansiedade que pareceu não ter fim e
posso afirmar que, ao meu ver, não decepcionou em nada. O primeiro
fator que atrai público ao cinema é a espera. Eu, como fã de
musicais estou esperando desde a notícia que seria feito um remake e
é garantido que aos fãs de Os Miseráveis o filme agrada e muito,
ou não? É claro que houveram algumas mudanças, mas o filme mesclou
um pouco da peça e um pouco do livro o que deixou uma essência
arrebatadora e única. Já a quem está assistindo o filme devido a
grande exposição na mídia em geral, pode ser que considere
entediante pois os diálogos são musicados e poucos são realmente
falados.
Um
fator importante é que no atual filme em exibição nos cinemas,
tudo é cantado ao vivo e quase sempre em close-up (ou o famoso
Zoom). O canto é cru, sem nenhum retoque de estúdio e a interpretação é
incomparável, o fato da câmera ser em maioria das cenas fechada nos
atores aproxima o público do filme, a verdade expressa em cada cena
me envolveu ainda mais com a história. Outro fator
muito importante, na minha opinião, que foi conseguido com o canto
cru, é que o filme perdeu um pouco a cara de ópera e ficou ainda
mais gostoso de assistir e ouvir vozes “normais” cantando as
musicas que são lindas.
Falar
que a interpretação é "incomparável" acaba até sendo
pouco quando o assunto é Anne Hathaway. A atriz aparece
pouco, mas acaba sendo tão marcante que nos deixa emocionado até o
final. Assim como Anne, Hugh Jackman também está muito bem como
Valjean, mas não fiquei surpreso, já tinha visto um musical seu e
Jackman é realmente muito bom tanto na interpretação cantada como
vocalmente.
O
filme com certeza divide opiniões, quem não gosta de musical
totalmente cantado dificilmente vai elogiar. Já quem
ama o musical e o livro ou mesmo quem não conhece, mas decidiu
assistir um bom filme,será muito bem recompensado com interpretações
apaixonadas.
Livro
X Teatro X Filme
Certo, a coluna compara livros x filmes, nesse
caso precisaria acrescentar ainda a peça de teatro, mas com Os
Miseráveis não da pra fazer essa comparação. “Ah, mas eu
consigo citar no mínimo 10 diferenças”, tudo bem, falando em
termos técnicos há diferenças enormes, mas do que adianta se a
essência da história continua lá?
Eu
falo muito da essência, mas o que seria isso afinal? Em alguns livros podemos gostar do personagem A, em outros do B e em outros do
universo criado e os melhores, da obra completa. O que eu chamo de
essência em Os Miseráveis, é o rumo, o desenrolar da história e a
reflexão que nos mostra sobre as injustiças sociais. Isso tudo
continua fortemente seja qual for a forma de encenação.
O
único ponto que talvez tenha me incomodado um pouco no novo filme
foi o close-up. Sim, eu citei como um ponto bom e não deixou de ser,
mas ao chegar a parte da revolução a câmera abre pra mostrar a
cidade e que trabalho bem feito de cenário, queria muito ver mais
disso, foi um pouco desperdiçado.
Curiosidade
Apenas
um breve comentário sobre o Oscar. Anne Hathaway muito merecido,
definitivamente, a interpretação dela como Fantine foi de doer bem no fundo da alma. E vi em uma entrevista em que ela falava que quando conseguiu o papel estava doida
pra contar pra mãe por que a mãe
interpretou também o papel de Fantine no teatro, então, pensa no orgulho que deve
ter sido né, ainda mais receber o Oscar por isso (Ok, acho que definitivamente virei fã sem perceber). Aproveitando não poderia deixar passar esse vídeo da
apresentação do Cast no Oscar desse ano. One Day More é um dos meus números
preferidos, mas vale ressaltar que para apresentação do Oscar a música foi bem adaptada, por exemplo, Fantine/Anne não canta essa música.
Acabei me empolgando um pouco pra escrever, mas espero
muito que gostem tanto quanto eu gostei.
E até o próximo Livros Em Cena.
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