terça-feira, 5 de abril de 2011

[Resenha] Feliz ano novo - Rubem Fonseca


Editora: Companhia das Letras
Autor: Rubem Fonseca
ISBN: 8571640696
Ano: 1999
Número de páginas: 174
Conto - Nacional


Sinopse: Considerado um dos principais livros do autor, 'Feliz ano novo', lançado em 1975, teve sua publicação e circulação proibidas em todo o território nacional um ano mais tarde, sendo recolhido pelo Departamento de Polícia Federal, sob a alegação de conter 'matéria contrária à moral e aos bons costumes'. O regime autoritário, que tentava à força encobrir os problemas que compunham a face negra do país, não suportou a linguagem precisa e contundente dessa coleção de contos que traduzem ficcionalmente a verdadeira fratura exposta do corpo social. Um livro de contos que ficou famoso mais pela censura que recebeu do regime militar do que pelo engenho que encerra. São histórias unidas pelo tema e a técnica. O tema é a brutalidade. A técnica é a do melhor contista brasileiro contemporâneo.

Rubem Fonseca era homem de poucas aparições públicas, e de poucas palavras à jornalistas e televisão, porém de muitas e infindáveis idéias e inspirações para contos e histórias.
O livro Feliz ano novo pode-se dizer traz um tema Tragicômico, juntamente com a tragédia o autor mescla o humor mais simples, nas resultantes de cada ato cometido pelos personagens.
São variados contos, de distintos cenários, diria eu, quão imaginação teria Rubem Fonseca a cada conto de três, quatro ou cinco páginas, para tão de repente formar outro complexo enredo. Cito alguns para vocês, de forma resumida, pois de nada aditaria se eu o fizesse perfeitamente, pois é impossível entendê-los senão lendo-os com um todo.
Se é naquele em que grã-fino passou na rua, observou a guria, bela, com a pela alva e bem vestida. Parou o carro, chamou ela, disse, entra vamos a um lugar reservado, a menina entra. Ele pergunta, qual seu nome e quantos anos têm, ela diz, tenho 16 anos e me chamo Viveca, ele fica desconfiado e pensando que iria se dar mal, ela diz, se não for com você vou com outro mesmo, e então ele segue para um hotel.
No hotel ele descobre ao sair do banheiro que a menina na verdade era menino, e quando se dá conta ela/ele já se levantou da cama e está ameaçando-o com uma gilete. Acerta-o nos braços, e ferido ele pergunta o que quer, ela diz quero dinheiro, não tenho aqui, diz ele. O grã-fino liga pro advogado, o advogado liga para um cara que têm a fama de limpar a ficha dos outros por uma quantia considerável. E o tal cara sai do apartamento, deixa loira rica que havia conseguido levar pra casa e corre para a rua do hotel.
Outro conto é o do empresário cheio de trabalho, sem tempo e com muitos afazeres, possuía uma família, sua mulher, uma filha e um filho. Chega em casa, a mulher pergunta, posso servir o jantar, ele diz, não to com fome, não quer passear de carro, a mulher responde, não sei a graça de passear de carro, também, aquele carro custou uma fortuna, precisa ser usado.
Ele sai, chega à garagem, passando pelo carro, dá uma namorada nos pára-choques do carro, o coração bate apressado, reforço especial com aço cromado, que beleza. Andando pelas ruas cheias de carros, um movimento alucinado, as ruas dessa cidade sempre são tão movimentadas, pensa ele, preciso de uma rua calma, sem muito movimento. Nessa rua ele diz, agora preciso de um homem ou uma mulher, não importa qual for, qualquer um serve pra mim. Então ele percebe uma mulher caminhando, no escuro, ele apaga os faróis, e acelera, dessa vez acertei bem acima dos joelhos, deu pra ouvir o barulho do impacto partindo os dois ossões, diz ele. Ele acelera como um foguete e sai de volta para casa, chagando lá, a mulher pergunta, ta mais calmo, ele diz, to, vou dormir, trabalho cedo amanhã.

Um comentário:

  1. Gosto de contos, mas não são todos que me atraem.
    Mas como esse expõe os promblemas do país, encobertos pelo o "alto escalão" da sociedade, eu me interessei sim!
    A resenha está bem legal!

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