[Resenha] Vestido de Noiva - Nelson Rodrigues

Buenas Gurizada!
Uma resenha para os sedentos por alguma dica de leitura um tanto diferente!

Editora: Nova Fronteira
Autor: Nelson Rodrigues
ISBN: 9788520924525
Número de páginas: 80





Sinopse:
Esta obra conta a história de uma mulher atropelada por um automóvel que, enquanto se recupera no hospital, é assombrada por uma traição familiar e um assassinato que marcou sua vida. Baseando-se em estudos freudianos, a narrativa é toda contada em três planos: o da alucinação, o da memória e o da realidade.
Uma das peças mais aclamadas de Nelson Rodrigues.

Primeiro vale lembrar que trata-se de uma Peça, encenada primeiramente em 1943.
É uma peça dividida em três planos, o plano da Alucinação, plano da Realidade e o plano da memória.
São três ramos de história correndo ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, misturados o passado, presente e delírio.
Plano da Alucinação onde Alaíde incansável vai a procura de Madame Clessi, num estabelecimento de.... (vocês sabem o que... ^^), essa mulher fora assassinada muitos anos antes e Alaíde a tinha como ídolo, a considerava uma brava mulher. Morrera de vestido de noiva assassinada pelo próprio namorado. No mesmo plano um homem acusa-a de ter assassinado o próprio marido, e após isso, nem mesmo Alaíde nega, acaba por confessar a Madame Clessi que sim, que matara o marido com ferro na cabeça.
No Plano da realidade, a confusão e correria dos jornalistas em passar a informação e coletar dados para a notícia ser publicada ainda no dia seguinte de que Alaíde, uma rica mulher do Rio de Janeiro havia sido atropelada. Em contraste, também nesse mesmo plano, os médicos, o hospital e a tentativa de salvar a mulher da morte, levá-la a vida.
Plano da memória, Alaíde tenta se lembrar de uma antiga parte de seu casamento, lapsos de lembranças na memória, uma mulher de véu. Queria descobrir a identidade da mulher, estava ao seu lado no dia do casamento arrumando seu vestido como boa amiga... mas, não sabia quem era...Sabia que ela a acusava de ter roubado seu namorado e agora estava casando-se com ele, e não tinha o direito. Que passara dos limites, a ponto de casar-se com ele.
Junto a essas lembranças, misturavam-se fatos e acontecimentos que haviam se passado não em sua vida, mas na de Madame Clessi, e acabava em uma relação de duas histórias, com uma união de duas vidas, o casamento de Alaíde, a briga entre irmãs por um namorado e um assassinato por amor de uma mulher com um vestido de noiva.
Plano da Alucinação, Alaíde consegue enxergar o caixão de seu marido e ao redor um homem e uma mulher. Também sabendo que era madame Clessi quem estava morta, esta com quem estava conversando em seu delírio.
Plano da memória, Alaíde finalmente identifica a mulher de véu como sua irmã, as reações começam a fazer sentido, ela e sua irmã nutrem uma relação contraditória, um drama familiar de profundo ódio e a presença de culpa e angústia quando enfim a irmã morre e o Viúvo Pedro está livre para casar-se com ela.
Plano da Realidade, Lúcia, a mulher de véu, e Pedro, o Viúvo, estavam já planejando o assassinato de Alaíde, pois eram amantes, no entanto, mesmo quando esta morre e o plano pode ir água abaixo, e sem que eles tenham sido responsáveis, Lúcia jura perante o caixão que não deixará que Pedro a toque...Com remorso de ter desejado a morte da irmã e angustiada por Alaíde ter jurado que nunca a deixaria em paz, a assombraria para o resto da vida se cassasse com Pedro... (também um delírio de Lúcia). Por fim, mesmo com todo medo, ódio, desprezo Lúcia cassasse com Pedro!


Minha Opinião:
Nunca, mas nunca mesmo eu tive a experiência de ler um livro assim para Peça de teatro. ^^
Gostei muito da forma como é escrita e como Nelson Rodrigues enrola até nós em sua trama! Primeiro, um mistério, parece um mero livro de doido para doidos...hahahaha
Porque no início não entendi bulufas! Mas ri um bocado de como era Alaíde e Madame Clessi em minha mente conversando.E depois de acostumar-se, o livro é ótimo, tanto quanto narrativas que estamos acostumados.O cenário que Nelson Rodrigues cria é muito complexo e real, definindo estritamente cada detalhe e emoção. Estranho de ler, novo e inédito, ter um espaço limitado, tornando exato o próprio campo da imaginação, é muito diferente do que já experimentei. Gostei!!!