quinta-feira, 19 de abril de 2012

[Entrevista] Roque Neto

Bom dia!
Hj trago uma entrevista que fiz ontem com o autor do livro PORQUE EU AMEI, Roque Neto, o livro já foi resenhado aqui no blog, agora conheçam um pouco mais sobre o escritor.


Olá!


Obrigada por aceitar nosso convite é um prazer tê-lo conosco!

Conte-nos um pouco sobre você:
Em primeiro lugar quero dizer que o prazer é meu. Sou grato pela
oportunidade.
Atualmente resido nos Estados Unidos, onde faço doutorado em educação e
graduação em psicologia. Passo meus dias rodeado por livros acadêmicos. Quando
estou de férias, assumo a tarefa de contador de histórias para meus sobrinhos. Aliás,
sinto muito orgulho de ser tio de três sobrinhos fantásticos. Considero-me
privilegiado por poder acompanhar o crescimento deles (apesar da distância
geográfica)... Minha família é meu porto seguro.

Como e quando decidiu escrever?
Desde criança, já escrevia pequenas histórias… O desejo de me
profissionalizar veio da leitura atenta das obras de Érico Veríssimo. Após ler “O
tempo e o vento” e me apaixonar por personagens, ambientes e paisagens, desejei
desenvolver a habilidade de fazer com que as pessoas tivessem a mesma
experiência que eu tive ao ler os livros de Veríssimo.

PORQUE EU AMEI é o seu primeiro livro?
PORQUE EU AMEI é meu terceiro livro. Primeiro lancei “Ética e Moral
na Educação” que é um resumo da minha dissertação de mestrado. Em seguida
veio “Narciso: Tédio e Fúria” que foi meu primeiro livro ficcional… Além destes,
também participei de obras coletivas.

De onde surgiu a ideia de escrever PORQUE EU AMEI?
A ideia de compor um sacerdote homossexual como protagonista de PORQUE
EU AMEI surgiu do meu contato com a realidade de casais homossexuais católicos
lutando para serem aceitos e respeitados pelas pessoas de suas paróquias. Este
contato se deu através de entrevistas para um trabalho acadêmico. Além disto, a
leitura de “Confissões” de Santo Agostinho também serviu como referencial.
Mais do que tudo isto, a minha convicção de que não existe nada
mais importante do que o respeito integral dos direitos de qualquer pessoa,
independente de raça, credo, gênero, orientação sexual, etapa de desenvolvimento,
nacionalidade etc.

Foi um desafio escrever sobre um padre que além de ter casos amorosos é
homossexual?
Sem dúvida alguma. No entanto, eu tinha um objetivo e aceitei o risco.
Desejei apresentar algumas das situações pelas quais um homossexual passa: a
pressão da família, a necessidade de se esconder e também uma situação romântica
que desestabiliza as crenças e atitudes do protagonista, o padre José Lucas.
Gostaria que as pessoas entendessem que estas mesmas situações podem
estar acontecendo bem perto delas, talvez na própria casa, com o pai, o esposo, o
irmão ou o filho.

Gostei muito dos personagens, principalmente do próprio Lucas e de Dom
Castelletti. Eles foram inspirados em alguém? Algum outro personagem foi
inspirado em alguém real?
Creio que me baseei em muitos “José Lucas” que conheço ou de que ouvi
falar. Explico, existem tantas pessoas boas que, para se sentirem amadas e aceitas
por outras, são capazes de abrir mão dos próprios valores. Também há pessoas
que desejam se comprometer em um relacionamento, mas que ainda não fizeram
o dever de casa, que é comprometer-se consigo mesmo, no sentido de tornar-se
mais livres, maduras. Contudo, este nível de imaturidade emocional não tira delas a
bondade e a honestidade, apenas as limita, como no caso de Lucas.
Dom Castelletti é uma espécie de encarnação da bondade e da confiança.
Todos já encontramos pessoas assim como ele, que acreditam em nós apesar de
nossas limitações.
Duduca, a empregada da família Lucas, é completamente inspirada em
uma senhora que trabalhou para meus avós durante muitos anos. Nem sei o nome
verdadeiro dela, sempre a chamamos de Duduca. Ela fazia com que a cada de meus
avós fosse ainda mais prazerosa. Foi uma homenagem.

Você pode nos contar um pouquinho do que está preparando para a
continuação?
Claro… Deixe-me ver o que posso partilhar com vocês sem estragar a
surpresa... Bem, o livro deve continuar com o Victor Lucas, o sobrinho do padre
José... Através dele vamos conhecer o destino do padre e dos outros membros da
família. Tenho o roteiro em mente, falta apenas tempo para escrever...

Além da continuação de PORQUE EU AMEI você está escrevendo alguma coisa?
Tem outros projetos?
Enquanto não encontro tempo para um projeto exigente como a continuação
da saga da família Lucas, estou trabalhando em uma coleção de livros infantis e na
minha tese de Doutorado, que também pretendo publicar.

Você recebeu alguma crítica negativa por ter escrito sobre um padre? Afinal
algumas pessoas são bem severas quanto a falar sobre religião e sobre a
humanidade dos padres.
Sim, recebi. Aliás, isto aconteceu na semana passada e veio de onde eu
menos esperava. Um amigo de minha família entendeu o livro como uma agressão
aos católicos. Nos e-mails que trocamos expliquei para ele que o foco do livro é
o amadurecimento do protagonista e também o preconceito que ele sofre desde
criança.
Em um país com um alto número de assassinatos motivados por homofobia
(260 assassinatos em 2011), em vez de se chocarem com a violência real, algumas
pessoas preferem se escandalizar com uma obra ficcional… Talvez isto aconteça
porque o conteúdo do livro seja quase uma descrição elaborada da realidade.

Qual o seu estilo literário favorito? Porque?
Leio de tudo. Gosto de aprender com o diferente. Contudo, gosto mesmo é de
romances policiais. Adoro descobrir os motivos dos personagens. Gosto do clima de
suspense destes livros.

Qual seu escritor favorito? Tem algum que além de gostar você também se
espelha?
Dennis Lehane escreve o tipo de leitura que me prende. Gosto dos livros do
Lev Raphael e o considero uma inspiração. Contudo, Érico Veríssimo será sempre
um ponto de referência… Um entardecer ou uma cozinha descritos por Veríssimo
transbordam poesia.

Qual livro você está lendo no momento?
No momento estou lendo apenas livros acadêmicos… Comecei esta semana
a leitura de “Handbook of Self-Regulation” (Manual de auto-regulação). Por incrível
que pareça, livros acadêmicos são uma fonte de inspiração para meu trabalho, pois
me preocupo muito com o perfil psicológico dos personagens.

Gostaria de acrescentar algo?
Sim, gostaria de agradecer aos leitores pelo tempo deles. Tenho me dado
conta de que a coisa mais valiosa de nossas vidas é o tempo. Sinto-me muito
agradecido e privilegiado quando alguém decide dar um pouco de seu tempo para
ler aquilo que escrevo. Obrigado!

Muito obrigada por nos dar do seu tempo respondendo essa entrevista!
Agradecemos também sua atenção com o blog.
Sucesso na sua carreira e na sua vida!

Obrigado.

Um comentário:

  1. Não conhecia o autor, nem os livros q foram citados na entrevista. Mas devo admitir, ele escreveu um livro polêmico e sobreviveu a isso né? rs Pessoas com coragem assim, devem sempre ser valorizadas.
    Ao se criar uma história, seja ela, baseada em pessoas reais ou não, a coragem em expô-las é fundamental.
    Vou procurar ler as resenhas dele e mais adiante, menciono mais!

    Bjs bjs(Angela Gabriel)

    ResponderExcluir

Nós adoramos os comentários e as suas opiniões!
Leu? E o que achou? Deixe um comentário!


*Comentário de cunho ofensivo sem critica construtiva serão desconsiderados
*Assim como comentários racistas e com palavras de baixo calão.