quinta-feira, 14 de março de 2013

Em Cena #4 - Os Miseráveis

Bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite galerinha!

A Coluna "Livros em Cena" está de volta aqui no Mell Books. Recapitulando, vamos fazer uma breve comparação dos livros que ganharam vida, nas telonas, telinhas, palcos e tudo mais. E para voltarmos com tudo preciso muito compartilhar com vocês esse filme, que apesar de não ser a primeira adaptação, foi um dos fenômenos de 2012/2013, Os Miseráveis

 
Os Miseráveis - Victor Hugo

O Livro

Abandonando um pouco a crítica de como a obra é importante, vou mostra a visão de um grande amante do livro e de musicais. A obra de Victor Hugo é absurdamente emocionante e arrebatadora. Descreve a injustiça social como ninguém. Para quem não teve a oportunidade de ler, Os Miseráveis, conta a história de Jean Valjean que após roubar um pão para dar de comer ao filho de sua irmã é condenado a 5 anos de prisão numa Galé e mais 14 anos por tentar fugir algumas vezes. Após cumprir sua pena Valjean sai disposto a se vingar da sociedade, mas agora seu passaporte é amarelo, ou seja, está carimbado como um ex-forçado e por isso não pode usufruir de sua liberdade.

Após algumas portas batidas em sua cara e pedidos de ajuda negados, o protagonista conhece o Bispo de Digne (Bispo da Dignidade?) que foi o único a lhe estender a mão e o receber como uma pessoa normal oferecendo comida e abrigo, porém, ainda movido pelo ódio de ter vivido na Galé, Valjean rouba um faqueiro de prata, que era a única vaidade do bispo juntamente com dois castiçais de prata. Ao ser pego pela polícia, é levado novamente a casa do bispo para devolver o faqueiro e o bispo em toda sua bondade e compaixão informa aos policiais que foi um presente seu ao ex-forçado "comprando" assim a alma de Jean Valjean para Deus e fazendo um único pedido, que o dinheiro adquirido com a venda da prataria seja também para ajudar os pobres.

A partir desse dia Jean Valjean torna-se uma pessoa melhor e faz de tudo para ajudar os pobres, mas seu passado ainda é “sujo” e a caça ao ex-forçado não tem fim, mesmo durante anos sendo uma pessoa boa e admirado por todos, o responsável pela caçada é um inspetor de Policia chamado Javert que não descansa enquanto não o encontrar. Os anos passam e o protagonista, agora rico e prefeito de uma cidade em Paris, adota o nome de Madeleine e conhece Fantine.

Fantine é uma mãe solteira que faz de tudo para cuidar de sua filha, até chegar na sarjeta. Após a sua morte Jean Valjean passa a cuidar de Cosette, filha de Fantine, e suas preocupações passam a ser cuidar da menina e se esconder de Javert, fazendo isso ainda durante muitos anos até sua nova filha se tornar uma bela jovem.

Quem ainda não teve a oportunidade de ler o livro, faço um grande apelo que leiam, existem algumas versões simples que facilitam muito a história e a leitura é bem rápida. A descoberta de Jean Valjean sobre amor, perdão, compaixão e liberdade é envolvente do início ao fim e é impossível não se emocionar. Amor "impossível", não correspondido, paterno, materno e fraterno, compaixão, medos, dúvidas, malandragem, ódio, arrogância e mais... O livro nos mostra uma mistura de emoções e nos permite sentir cada uma delas e também nos apaixonar por cada personagem de uma forma diferente. Seja pelo arrependimento do protagonista, ou todo amor materno de Fantine, que me emociono só de pensar e lembrar, as injustiças sofridas por Cosette, a alegria do Gavroche, a amizade de Éponine ou mesmo a falta de fé de Javert, é impossível não se identificar um pouquinho com cada personagem.

O Filme

Como esperei por esse filme, uma ansiedade que pareceu não ter fim e posso afirmar que, ao meu ver, não decepcionou em nada. O primeiro fator que atrai público ao cinema é a espera. Eu, como fã de musicais estou esperando desde a notícia que seria feito um remake e é garantido que aos fãs de Os Miseráveis o filme agrada e muito, ou não? É claro que houveram algumas mudanças, mas o filme mesclou um pouco da peça e um pouco do livro o que deixou uma essência arrebatadora e única. Já a quem está assistindo o filme devido a grande exposição na mídia em geral, pode ser que considere entediante pois os diálogos são musicados e poucos são realmente falados.

Um fator importante é que no atual filme em exibição nos cinemas, tudo é cantado ao vivo e quase sempre em close-up (ou o famoso Zoom). O canto é cru, sem nenhum retoque de estúdio e a interpretação é incomparável, o fato da câmera ser em maioria das cenas fechada nos atores aproxima o público do filme, a verdade expressa em cada cena me envolveu ainda mais com a história. Outro fator muito importante, na minha opinião, que foi conseguido com o canto cru, é que o filme perdeu um pouco a cara de ópera e ficou ainda mais gostoso de assistir e ouvir vozes “normais” cantando as musicas que são lindas.

Falar que a interpretação é "incomparável" acaba até sendo pouco quando o assunto é Anne Hathaway.  A atriz aparece pouco, mas acaba sendo tão marcante que nos deixa emocionado até o final. Assim como Anne, Hugh Jackman também está muito bem como Valjean, mas não fiquei surpreso, já tinha visto um musical seu e Jackman é realmente muito bom tanto na interpretação cantada como vocalmente.

O filme com certeza divide opiniões, quem não gosta de musical totalmente cantado dificilmente vai elogiar. Já quem ama o musical e o livro ou mesmo quem não conhece, mas decidiu assistir um bom filme,será muito bem recompensado com interpretações apaixonadas.

Livro X Teatro X Filme

Certo, a coluna compara livros x filmes, nesse caso precisaria acrescentar ainda a peça de teatro, mas com Os Miseráveis não da pra fazer essa comparação. “Ah, mas eu consigo citar no mínimo 10 diferenças”, tudo bem, falando em termos técnicos há diferenças enormes, mas do que adianta se a essência da história continua lá?

Eu falo muito da essência, mas o que seria isso afinal? Em alguns livros podemos gostar do personagem A, em outros do B e em outros do universo criado e os melhores, da obra completa. O que eu chamo de essência em Os Miseráveis, é o rumo, o desenrolar da história e a reflexão que nos mostra sobre as injustiças sociais. Isso tudo continua fortemente seja qual for a forma de encenação.

O único ponto que talvez tenha me incomodado um pouco no novo filme foi o close-up. Sim, eu citei como um ponto bom e não deixou de ser, mas ao chegar a parte da revolução a câmera abre pra mostrar a cidade e que trabalho bem feito de cenário, queria muito ver mais disso, foi um pouco desperdiçado.

Curiosidade

Apenas um breve comentário sobre o Oscar. Anne Hathaway muito merecido, definitivamente, a interpretação dela como Fantine foi de doer bem no fundo da alma. E vi em uma entrevista em que ela falava que quando conseguiu o papel estava  doida pra contar pra mãe por que a mãe interpretou também o papel de Fantine no teatro, então, pensa no orgulho que deve ter sido né, ainda mais receber o Oscar por isso (Ok, acho que definitivamente virei fã sem perceber).  Aproveitando não poderia deixar passar esse vídeo da apresentação do Cast no Oscar desse ano. One Day More é um dos meus números preferidos, mas vale ressaltar que para apresentação do Oscar a música foi bem adaptada, por exemplo, Fantine/Anne não canta essa música.



Acabei me empolgando um pouco pra escrever, mas espero muito que gostem tanto quanto eu gostei.
E até o próximo Livros Em Cena.

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