sexta-feira, 15 de março de 2013

[Resenha] História da Leitura - Steven Roger Fischer

Buenas gurizada, depois de algum tempo sem trazer resenha a vocês, trago o grande Roger Fischer.



Editora: UNESP
Autor: Steven Roger Fischer
ISBN: 9788571396555
Ano: 2007
Páginas: 340






Sinopse: História da Leitura descreve o ato da leitura, seus praticantes e os ambientes sociais em que estão inseridos, além das diversas manifestações da leitura em pedras, ossos, cascas de árvore, muros, monumentos, tabuletas, rolos de papiro, códices, livros, telas e papel eletrônico. Apesar de a leitura e a escrita estarem plenamente relacionadas, a leitura é, na verdade, a antítese da escrita. Cada uma ativa regiões distintas do cérebro. A escrita é uma habilidade, a leitura, uma aptidão natural. A escrita originou-se de uma elaboração, a leitura desenvolveu-se com a compreensão mais profunda pela humanidade dos recursos latentes da palavra escrita. A história da escrita foi marcada por uma série de influências e refinamentos, ao passo que a história da leitura envolveu estágios sucessivos de amadurecimento social.


O livro é basicamente uma pesquisa elaborada. O autor traça uma narrativa sobre a história da leitura desde  os primeiros símbolos a serem interpretados, a princípio apenas como uso administrativo, contagem do rebanho, das luas, da colheita, tratava-se da contagem apenas pela representação (um risco era igual a uma ovelha).

Na evolução da própria compreensão do homem, temos a forma a qual conhecemos hoje, um símbolo representa uma quantidade única de coisas, ou seja, deixa de existir a comparação específica de "um risco - um objeto" para, por exemplo, o sistema numeral, o símbolo '5' representa um conjunto de cinco objetos, ou no sistema de algarismos romanos, 'X' representa um conjunto de dez objetos. Pode parecer um simples passo em comparação às descobertas de nosso tempo, mas imagine a revolução que isto causou a todos na época.

No transcorrer do livro, Fischer apresenta em capítulos por continentes, relata como os principais países tiveram seu primeiro contato com a escrita, e por consequência a leitura. Não só o livro é ótimo pelo fato de estar descobrindo algo que nos é tão presente no dia a dia (a leitura), mas o autor, ao longo do livro vai trazendo informações, curiosidades e descobertas tão interessantes, que não apenas o saber da formação dos povos em torno da escrita-leitura, temos também a vontade de conhecer mais deste mundo, o que o transformou, o que no passado transformou nosso futuro a ponto de deixá-lo como está hoje?

Já imaginou um mundo onde escrita era apenas uma necessidade administrativa, burocrática ou contábil?
E a leitura, nada era senão a fala sendo passada em papel, não existia a "leitura silenciosa", a narrativa de histórias, não em papel, existia a oralidade. Em uma discussão com uma amiga, eu citei uma parte do livro:

"na antiga Roma, um livro 'publicado' era aquele que havia sido lido em voz alta em público." (FISCHER, Steven Roger. História da Leitura)
 No que ela comentou (não é do livro, mas totalmente no contexto)
“Em toda a história do mundo, houve sociedades humanas sem alfabetização, mas nunca houve alguma sem oralidade.”  (CROSSAN, John Dominic. O Nascimento do Cristianismo. São Paulo: Paulinas, 2004, p.88)

Mais do que apenas leitura, o livro conta a formação de toda sociedade, o crescimento e evolução da escrita para não apenas um veículo da opinião de um emitente, mas agora também um instrumento.

Alguns dados interessantes: 
*Curiosamente, a primeira pessoa da história a "assinar a autoria" de um trabalho foi uma mulher: a princesa Enheduanna, do povo sumério. Ela compôs, como sacerdotisa que era, uma série de canções em louvor à Deusa do amor e da guerra...
(Veja que é 'assinar' e não o primeiro livro, ou relato. O fato é que não era comum uma pessoa auto declarar-se autor de suas histórias).

*Já na antiguidade, isso no século XII, apreciava-se a leitura no toalete. Muitos leitores escondiam-se para poder ler em silêncio, uma prática que até o momento não era natural. Lia-se apenas em voz alta em grande público para então discutir. 

*Os sumérios chamavam aqueles que organizavam as bibliotecas de organizadores do universo. 

*Tal era a veneração e respeito dos povos antigos da Babilônia pela escrita, que em julgamento, os próprios juízes em tribunal poderiam declarar publicamente ter "ouvido" a tabuleta. Não havia discussões, nenhum questionamento. "A voz escrita era a voz verdadeira".

*A todos aqueles que leram livros clássicos, antigos, por exemplo, Odisseia  de Homero na versão clássica, percebeu que possui uma escrita cantada, lírica e até dispersa, isso porque na antiguidade um livro era feito para ser lido em voz alta, e não silenciosamente, tanto o é que esses livros clássicos e antigos, quando lidos 
na entonação certa, tratam-se das narrativas mais lindas de se ouvir. 


Para curiosos, uma entrevista com o autor, da Revista Abril. Aqui

Grande abraço, e fica um boa dica de leitura aos apaixonados por história. 

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