sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

[Resenha] História do cerco de Lisboa - José Saramago


Editora: Companhia de Bolso
ISBN: 9788535918755
Ano: 2011
Páginas: 320

Sinopse: A história da tomada de Lisboa aos mouros no ano de 1147 e a crônica de um inesperado encontro amoroso na Lisboa de hoje - duas narrativas, tecidas e entretecidas de maneira brilhante, que fazem deste livro uma densa e fascinante meditação sobre a natureza e as relações entre a ficção e a história, o vivido e o narrado. Um dos mestres da literatura portuguesa contemporânea - Prêmio Nobel de Literatura - Saramago explora neste livro as possibilidades do romance enquanto meio de recriar o passado e o presente.


Do renomado autor português, exímio escritor, dramaturgo e jornalista, responsável pelo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa, falamos do grande José Saramago.

Na leitura há dois tempos, dois cenários: a realidade descrita e comprovada pelos historiadores e a que Raimundo Silva empenha-se em desvendar. Há ainda três coisas muito interessantes a perceber e irei destacar.
A primeira trata-se da história: discorre sobre Raimundo Silva, que trabalha em uma editora como revisor literário. Seu trabalho é silencioso, contínuo e solitário, ou nem tanto, sempre há livros como companhia, nunca houve problemas. Tem uma carreira ilustre de trabalhos impecáveis. Mas quando estava a revisar um livro que o caro amigo Costa lhe confiou “História do cerco de Lisboa” algo no dia, algo na narrativa, ou a comum repetição de uma história já lida milhões de vezes e reescrita por muitos. Não se sabe o que o levou, mas a tentação em mudar o fato "sim", os cruzados ajudariam o povo português a conquistar Lisboa por uma palavra simples e antônima “não", os cruzados não ajudariam o povo português a conquistar Lisboa. Iria contra o código de trabalho dos revisores, o qual é apenas remendar algum erro verbal ou gramatical, algo que vá contra o período ou época, nem todas as palavras existiram no momento em que foram travadas certas batalhas, é preciso usar as palavras da época. Uma rebelião em uma palavra. Essa decisão trouxe-lhe um desafio.

Saramago deixa evidente o poder que uma simples palavra tem, tanto em contexto fantástico/imaginativo, quanto numa narrativa histórica comprovada. O valor de uma palavra e a palavra de um homem. Ou seja, o valor do “não” no lugar de um "sim” e o valor de um revisor e sua palavra, em seguir o código de não modificar a história mesmo que não lhe agrade o enredo.

O desafio de Raimundo é a difícil tarefa de ganhar uma batalha que já sabe-se o fim, e reescrever uma história que já foi lida tantas e tantas vezes. Compreender a troca: a negativa resposta dos cruzados em auxílio aos portugueses trouxe uma nova batalha, com fim certo e personagens já vivos, apenas a espera de uma ordem, de um destino.
A última batalha de Raimundo é consigo mesmo, e percebemos que ao avançar na batalha do cerco rumo a conquistar Lisboa, livra-se também de seu cerco, liberta-se para expressar os sentimentos pela pessoa que esta passando a amar. O casal que se forma no cerco de Lisboa reflete o casal que luta para expressar esse sentimento e estar junto na vida real: Mogueime e Ouroana - Raimundo e Maria Sara.


Um autor clássico, uma história ótima e cativante, uma narrativa difícil e personagens nada normais. Esse é o veredito.
Confesso, eu precisei reler umas 5 vezes as 3 primeiras páginas para ter certeza de entender. Sim, difícil linguagem. Mas Saramago encanta sendo difícil.
Fica a dica, uma leitura para as férias. ^^




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