quinta-feira, 14 de outubro de 2010

[Para escritores] Quanto vou ganhar com meu livro??

Essa é a pergunta que todo autor faz aos editores, mesmo antes de seus originais serem aceitos. Deixe-me dar-lhe uma dica que já irá diferenciar a sua abordagem de quase todos os outros autores estreantes: não aborreça um editor com essa pergunta.
A razão é simples: é muito difícil um original ser aceito por uma editora comercial. Apenas um em cada mil originais submetidos, em média, chega a ser levado a sério para publicação. Por conseguinte, o editor não tem a menor vontade de ficar explicando como funciona o pagamento de direitos autorais a quem, muito provavelmente, será recusado. E fazer essa pergunta já demonstra o seu amadorismo.

Direitos autorais

O pagamento de direitos autorais no Brasil obedece às convenções mundiais deste ramo. Autores ganham em média 10% do preço de capa (o preço pelo qual o livro é vendido nas livrarias) de cada exemplar de fato vendido. A maioria dos contratos abre exceções para vendas especiais, como grandes quantidades da obra serem compradas por alguma instituição governamental, quando a porcentagem do autor é menor. Editoras muito grandes, que investem pesadamente na divulgação do autor e fazem altas tiragens, como as de didáticos e paradidáticos, também costumam ter contratos com porcentagens menores de direitos para o autor. É prática comum um autor de livro didático assinar um contrato garantindo apenas 5% de direitos sobre preço de capa, ou ainda 10% sobre o preço de venda, que é o preço pelo qual o livro é vendido aos distribuidores e não ao consumidor final, ou seja, é um preço mais baixo, com desconto.
Isso tudo se traduz no seguinte: é muito, muito improvável que você fique rico – ou sequer ganhe pelas horas dedicadas ao livro o mesmo que recebe com outras atividades profissionais! – se você está publicando o seu primeiro livro e não é 1) uma celebridade (ou amante, cônjuge, ou parente de uma); 2) não fez nada de (muito) espetacular; 3) não é alguém que controle meios de distribuição de livros ou de divulgação, como por exemplo ser proprietário de uma rede de livrarias ou de um canal de televisão ou de um grande jornal.
Veja o exemplo: se uma editora faz uma tiragem de dois mil exemplares de seu livro, e ele custa em torno de R$ 20, você vai receber R$ 2 para cada livro vendido, o que não inclui os exemplares de divulgação, enviados para a imprensa, sua cota de autor etc.
Ou seja, se a edição se esgotar em um ano, o que é muito bom para um autor novo, você vai receber apenas R$ 3.600! E isso dividido em acertos semestrais, em geral sem correção!
Como disse, você não vai ficar rico. E se você acha que vender 1800 exemplares de um livro em um ano é fácil, experimente fazer a edição por conta própria e sair por aí. Tenho certeza de que você levará um choque. Se, no entanto, você tem um público cativo, confira as vantagens de uma edição própria, com ganhos mais altos que 10%, em Quando procurar uma editora prestadora de serviço.

Como ficar rico

Existe um modo de ganhar dinheiro com livros, mas ele não é fácil nem garantido. Os autores bem-sucedidos em geral começam todos com um primeiro livro modesto, que não vende muito mas abre caminho para os seguintes. Quando você consegue conquistar um público fiel ao seu estilo de literatura, ou que busca sempre um determinado tipo de livro de não-ficção (como auto-ajuda, marketing, aulas de química, jardinagem), você começa a ganhar dinheiro com uma série de livros.
Por exemplo, digamos que você invente uma nova maneira de treinar cães de guarda e escreva um livro. O primeiro pode ser bem-recebido apenas por veterinários e outros treinadores e vender uma edição lentamente. Mas se você percebe que descobriu um filão (pelos artigos nos jornais especializados, pelas cartas de quem comprou, pela reação dos profissionais do ramo), pode escrever um segundo livro enfatizando a rapidez do seu método e acrescentando, por exemplo, um programa passo a passo para qualquer pessoa treinar o seu pastor em dez dias. Se fizer sucesso, pode então escrever um terceiro apenas sobre cães fila, e assim por diante. Tendo um assunto do interesse do público e uma abordagem original e acessível, você pode ganhar bastante dinheiro construindo toda uma série. Aí, as vendas do terceiro livro puxam as do primeiro e levam à reimpressão do segundo. As pessoas que gostaram de um dos seus livros têm mais chance de se arriscar a comprar outro. Você se torna um nome de referência para os livreiros quando alguém pergunta sobre obras para treinamento de cachorros. E assim vai.
Esse tipo de movimento é característico de quase todos os autores de muita vendagem, pode conferir. O mesmo tipo de raciocínio vale para ficção, quando um autor descobre um subgênero – como romances históricos, ou aventuras de mergulhadores, ou ainda advogados detetives – muito específico, de preferência com um herói ou num estilo inimitável, que tenha grande aceitação pelo público.
Existem as exceções, os bestsellers instantâneos de autores que vieram do nada. Como editora, já acompanhei o espetacular nascimento de, por exemplo, Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva, na década de 1980. Você pode ter certeza que todo editor sonha com um estouro desses mas é realista o suficiente para não contar com isso. Você fará bem em seguir o exemplo e plantar os pés no chão.


Fonte: http://www.escrevaseulivro.com.br/escreva/encontre-uma-editora/quanto-vou-ganhar.html

4 comentários:

  1. Achei super útil o post e bem, vários escritores realmente gosta de escrever e ver seu livro publicado e bem, eu acho que isso é bastante legal. Foi muito bom você ter postado algo assim porque muita gente acha que vender livros é facil e muitos também acham que só publicando um livro que fica rico.

    ResponderExcluir
  2. Hey !
    Vcs não deveriam publicar isso !
    Estragando os sonhos do escritor de ficar rico, ele não vai publicar o livro, e nós talvez não poderemos conhecer um livro bom ! [/parei
    Mas é mesmo muito útil esses posts para novos escritores!
    Cada vez mais tá aparecendo novos bons escritores, e quem mais ganha somos nós, os leitores =D

    ResponderExcluir
  3. O importante é o sonho que se tem e a energia que se deposita nele. Se apenas um em mil é aceito por uma editora quero ser boa suficiente para ser esse um.
    E por que não posso me tornar um estouro como Marcelo Rubens Paiva ou Stephenie Meyer???
    Acreditarei sempre porque é o meu pensamento que cria minha realidade!!!

    ResponderExcluir
  4. Olá, sou professor e escritor Paulo Barsano.

    Criar uma obra com o objetivo de ficar rico, ganhar muito dinheiro, visar carros e apartamentos luxuosos, mansões, fazendas... é um grave engano. O dinheiro nos corrompe! Jamais podemos ser escravos do dinheiro, afinal, rico não é o que mais tem, mas quem menos precisa.

    Devemos ser simples, a ponto, de pensar primeiro nos leitores a quem se destina a obra. Criar algo novo, diferente, numa linguagem simples e cativante, algo inédito que conquiste o fiel leitor "de coração"... E, se o trabalho for bom, e existir simplicidade, e muita FÉ em DEUS, podem acreditar: as coisas fluem naturalmente, seus desejos, objetivos e sonhos viram simplesmente: CONQUISTAS.

    Sam Moraes, está certíssima. Concordo com você! O importante é sonhar, trabalhar, ter FÉ em DEUS; e poder carregar no peito a esperança de uma vida melhor. Sucesso!



    ResponderExcluir

Nós adoramos os comentários e as suas opiniões!
Leu? E o que achou? Deixe um comentário!


*Comentário de cunho ofensivo sem critica construtiva serão desconsiderados
*Assim como comentários racistas e com palavras de baixo calão.